A conversa fluiu com naturalidade, temperada com elegância sincera e leveza, que eu tanto prezo. Pena que o tempo passou muito rápido deixando no ar a sensação de que ainda tinhamos muito assunto pela frente. No retorno ao trabalho, levei comigo desse encontro a feliz constatação de que a vida realmente tem comigo uma generosa relação de delicadeza e adora me presentear quando eu estou distraída e menos espero.
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Almoço na Brasserie Rosário
A conversa fluiu com naturalidade, temperada com elegância sincera e leveza, que eu tanto prezo. Pena que o tempo passou muito rápido deixando no ar a sensação de que ainda tinhamos muito assunto pela frente. No retorno ao trabalho, levei comigo desse encontro a feliz constatação de que a vida realmente tem comigo uma generosa relação de delicadeza e adora me presentear quando eu estou distraída e menos espero.
sábado, 26 de dezembro de 2009
Um dia depois do Natal
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
A leitura é um vício impune
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Hoje, ganhei mais um livro de presente do amigo oculto do meu trabalho. Neste ano coloquei na minha lista de pedidos A Elegância do Ouriço, da francesa Muriel Barbery. Embora eu não tenha conversado com ninguém que já o tivesse lido, resolvi arriscar. A escolha ficou por conta das críticas e comentários super favoráveis que li em jornais e aqui na internet.
Para começar, dando voz a Renée, que parece ser a zeladora por excelência: baixota, ranzinza e sempre pronta a bater a porta na cara de alguém. Na verdade, uma observadora refinada, ora terna, ora ácida, e um personagem complexo, que apaga as pegadas para que ninguém adivinhe o que guarda na toca: um amor extremado às letras e às artes, sem as nódoas de classe e de esnobismo que mancham o perfil dos seus muitos patrões.
E ainda há Paloma, a caçula da família Josse. O pai é um figurão da política, a mãe dondoca tem doutorado em letras, a irmã mais velha jura que é filósofa, mas Paloma conhece bem demais o verso e o reverso da vida familiar para engolir a história oficial. Tanto que se impõe um desafio terrível: ou descobre algum sentido para a vida, ou comete suicídio (seguido de incêndio) no seu aniversário de treze anos. Enquanto a data não chega, mantém duas séries de anotações pessoais e filosóficas: os Pensamentos profundos e o Diário do movimento do mundo, crônicas de suas experiências íntimas e também da vida no prédio. As vozes da garota e da zeladora, primeiro paralelas, depois entrelaçadas, vão desenhando uma espiral em que se misturam argumentos filosóficos, instantes de revelação estética, birras de classe e maldades adolescentes, poemas orientais e filmes blockbuster. As duas filósofas, Renée e Paloma, estão inteiramente entregues a esse ímpeto satírico e devastador, quando chega de mudança o bem-humorado Kakuro Ozu, senhor japonês com nome de cineasta que, sem alarde, saberá salvá-las tanto da mediocridade geral como dos próprios espinhos.
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Sapatinho de Cristal, Inverno e Clarice na Cabeceira
Há dois dias atrás recebi de Maceió, via sedex, "INVERNO e Outros Poemas", o primeiro livro, dentre outros, do querido amigo Ricardo Leal, acompanhado de uma linda e carinhosa dedicatória.
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A seleção afetiva realizada por esses escritores, atrizes, cineastas, cantoras, jornalistas e críticos literários reúne textos de cada um dos livros de contos de Clarice: Laços de família (1960), A legião estrangeira (1964), Felicidade clandestina (1971), A via crucis do corpo (1974), Onde estivestes de noite (1974) e A bela e a fera (1979). Junto a cada um desses 22 contos que compõem Clarice na cabeceira, cada um dos leitores convidados compartilha a experiência de ter Clarice Lispector em suas vidas, seja por ter convivido com ela em algum momento, seja apenas por meio de seus livros. Em ambos os casos, a presença da escritora se faz marcante.
Luis Fernando Verissimo presenteia os leitores com recordações da amizade com Clarice. Iniciada primeiro através dos pais, Erico e Mafalda, na década de 50, quando todos viviam nos Estados Unidos, e continuada na década seguinte com a convivência de vizinhos no bairro do Leme, no Rio de Janeiro. A primeira impressão de Verissimo foi igual a de todo mundo: fascinação. Não só pela beleza eslava, pelos olhos meio asiáticos ou pelo erre carregado que dava a sua fala um mistério especial, mas também pelo humor e “aquele jeito de garotona ainda desacostumada com o tamanho do próprio corpo” .
Enquanto alguns descrevem o deslumbramento diante do poder de Clarice de criar textos ricos de significados a partir de passagens aparentemente comuns do cotidiano, outros preferem calar-se, como fez Fernanda Torres: “Tenho até vergonha de escrever. Qualquer comentário me parece obsoleto.” Há quem se veja diante de um mistério insolúvel ao lançar um olhar mais demorado sobre determinado texto, como faz Claire Williams, especialista em literatura luso-brasileira da Universidade de Oxford, com “O ovo e a galinha”: “É um conto em que se descobre algo novo em cada leitor, e em que se perde. Nunca o entendo, mas não é propriamente para entender.”
Clarice na cabeceira revela os contos favoritos da autora de A hora da estrela e outros clássicos de acordo com as preferências de 22 formadores de opinião, e deixa no ar, implicitamente, a mesma pergunta para cada leitor: qual o seu texto de cabeceira de Clarice Lispector?
domingo, 13 de dezembro de 2009
Fim de semana em Búzios
Fiquei hospedada numa pousada super simpática na Praia de João Fernandes, situada na ponta nordeste da Península de Búzios, a 2 km do centro. À tarde relaxei na piscina e no começo da noite fui passear na Rua das Pedras. Comi crepe no Chez Michou, tomei sorvete, comprei um novo óculos escuros e um par de havainas dourada. Parei para conversar com amigos que encontrei por acaso, caminhei na Orla Bardot.
De volta à pousada, antes de dormir, sentei na varanda do meu quarto e abri um Prosecco para curtir a paisagem noturna. Um momento único de paz e merecimento. .
Enfim, chegada a hora de arrumar a mala e partir, mas não sem antes almoçar cara a cara com a paisagem da Praia do Canto.
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"Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim.
A tua beleza aumenta quando estamos sós.
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim"
Sophia de Mello Breyner Andresen