segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Almoço na Brasserie Rosário

Hoje almocei na Brasserie Rosário, no centro da cidade do Rio de Janeiro, a convite do mui simpático amigo Fernando, que mora em Uberlândia, no Estado de Minas Gerais. Já tinha passado por lá muitas vezes para comprar pão no balcão para levar para casa, mas ainda não havia entrado para fazer uma refeição. Ele deixou ao meu encargo a escolha do lugar, exigindo apenas que o serviço fosse à la carte e tivesse ar condicionado. Lembrei da brasserie e o levei para dar uma olhada no lugar. O serviço era à la carte, mas contrariando o seu pedido não havia ar condicionado. Olhamos da porta e resolvemos entrar assim mesmo. Num ato falho, apresentei o lugar como Brasserie Lipp, que fica em Paris, a centenas de milhas daqui, como diz Djavan na canção A Ilha. Fiquei um pouco sem graça quando me dei conta da minha troca. Fazer o quê? Sabe lá Deus porque eu estava com Paris na cabeça, o que, aliás, e convenhamos, não é uma má idéia!

A conversa fluiu com naturalidade, temperada com elegância sincera e leveza, que eu tanto prezo. Pena que o tempo passou muito rápido deixando no ar a sensação de que ainda tinhamos muito assunto pela frente. No retorno ao trabalho, levei comigo desse encontro a feliz constatação de que a vida realmente tem comigo uma generosa relação de delicadeza e adora me presentear quando eu estou distraída e menos espero.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Um dia depois do Natal

Passada a festa natalina, abro o jornal para ler as notícias. Torço para que a justiça brasileira tenha acertado em relação ao pequeno Sean e que a sua vida volte à normalidade ao lado do pai. As opiniões se dividem, mas confesso que me causaram calafrios certos comentários que acompanhei em sites que noticiaram o caso. O que mais se lê em algumas opiniões é uma total inversão de valores, que infelizmente virou lugar-comum, mas que faz parte da complexidade humana. A verdade é que Sean tem um pai, que queria e tinha direito à guarda do filho, e que é sabido, foi separado do mesmo por uma decisão unilateral da mãe, que o trouxe de férias dos Estados Unidos para o Brasil comunicando por telefone que ambos não voltariam mais. Muito se disse aqui sobre David Goldman, acusado de aproveitador e de ser sustentado pela mãe de Sean enquanto casado com ela. À mim, nenhuma dessas acusações em relação a Goldman no decorrer do processo me causam espanto, haja vista que já testemunhei algumas tentativas de difamações praticadas por advogados para defenderem seus "protegidos". Honestamente, as lágrimas da avó materna também não me emocionaram. Seja como for, a justiça foi feita. Desejo do fundo do meu coração que Sean seja muito feliz!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A leitura é um vício impune

Cheguei ao final da leitura de Clarice na Cabeceira. Para quem gosta de contos e ainda mais de Clarice, é imperdível. Leitura para um fôlego só!
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Hoje, ganhei mais um livro de presente do amigo oculto do meu trabalho. Neste ano coloquei na minha lista de pedidos A Elegância do Ouriço, da francesa Muriel Barbery. Embora eu não tenha conversado com ninguém que já o tivesse lido, resolvi arriscar. A escolha ficou por conta das críticas e comentários super favoráveis que li em jornais e aqui na internet.

Eis a sinopse:

À primeira vista, não se nota grande movimento no número 7 da Rue de Grenelle: o endereço é chique, e os moradores são gente rica e tradicional. Para ingressar no prédio e poder conhecer seus personagens, com suas manias e segredos, será preciso infiltrar um agente ou uma agente ou — por que não? — duas agentes. É justamente o que faz Muriel Barbery em A elegância do ouriço, seu segundo romance.

Para começar, dando voz a Renée, que parece ser a zeladora por excelência: baixota, ranzinza e sempre pronta a bater a porta na cara de alguém. Na verdade, uma observadora refinada, ora terna, ora ácida, e um personagem complexo, que apaga as pegadas para que ninguém adivinhe o que guarda na toca: um amor extremado às letras e às artes, sem as nódoas de classe e de esnobismo que mancham o perfil dos seus muitos patrões.

E ainda há Paloma, a caçula da família Josse. O pai é um figurão da política, a mãe dondoca tem doutorado em letras, a irmã mais velha jura que é filósofa, mas Paloma conhece bem demais o verso e o reverso da vida familiar para engolir a história oficial. Tanto que se impõe um desafio terrível: ou descobre algum sentido para a vida, ou comete suicídio (seguido de incêndio) no seu aniversário de treze anos. Enquanto a data não chega, mantém duas séries de anotações pessoais e filosóficas: os Pensamentos profundos e o Diário do movimento do mundo, crônicas de suas experiências íntimas e também da vida no prédio. As vozes da garota e da zeladora, primeiro paralelas, depois entrelaçadas, vão desenhando uma espiral em que se misturam argumentos filosóficos, instantes de revelação estética, birras de classe e maldades adolescentes, poemas orientais e filmes blockbuster. As duas filósofas, Renée e Paloma, estão inteiramente entregues a esse ímpeto satírico e devastador, quando chega de mudança o bem-humorado Kakuro Ozu, senhor japonês com nome de cineasta que, sem alarde, saberá salvá-las tanto da mediocridade geral como dos próprios espinhos.
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A propósito: a frase que dá título a este post é de Valery Larbaud, retirada do livro Duailibi Essencial - Minidicionário com mais de 4500 frases essencias.

Fonte da sinopse: www.travessa.com.br

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Sapatinho de Cristal, Inverno e Clarice na Cabeceira

Hoje, ao chegar em casa, encontrei mais dois presentes na portaria do meu prédio. Um pelo meu aniversário no dia 10 deste mês, e o outro pelo natal que ainda está por vir. Neste ano, o meu aniversário foi recheado de surpresas maravilhosas, que me deixaram muito feliz. Telefonemas, presentes, abraços, beijos, brindes com caipivodkas e toda sorte de demonstração de afeto e consideração por parte dos amigos.

Há dois dias atrás recebi de Maceió, via sedex, "INVERNO e Outros Poemas", o primeiro livro, dentre outros, do querido amigo Ricardo Leal, acompanhado de uma linda e carinhosa dedicatória.
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Simplesmente estou amando tudo isso e muito agradecida. Já tinha até me esquecido como faz bem ao coração ser mimada por pessoas tão queridas.
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A todos, a minha sincera gratidão pelo carinho e pelo bem que fazem na minha vida!
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Aproveitando o post, deixo aqui como sugestão de um ótimo presente de natal, o livro "Clarice na Cabeceira", uma coletânea novinha em folha de contos da escritora, lançada pela Editora Rocco neste mês de dezembro.
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Sinopse
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Clarice na cabeceira, organizado pela doutora em Letras Teresa Montero, é uma bem escolhida amostra de instantes de beleza retirados das obras de Clarice Lispector e apontados por 22 integrantes da legião de fãs da escritora. E não se trata de quaisquer fãs. Luis Fernando Verissimo, Fernanda Torres, Affonso Romano de Sant’Anna, Rubem Fonseca, José Castello, Maria Bethânia e Luiz Fernando Carvalho são algumas das personalidades que compõem o time estelar de colaboradores do livro.

A seleção afetiva realizada por esses escritores, atrizes, cineastas, cantoras, jornalistas e críticos literários reúne textos de cada um dos livros de contos de Clarice: Laços de família (1960), A legião estrangeira (1964), Felicidade clandestina (1971), A via crucis do corpo (1974), Onde estivestes de noite (1974) e A bela e a fera (1979). Junto a cada um desses 22 contos que compõem Clarice na cabeceira, cada um dos leitores convidados compartilha a experiência de ter Clarice Lispector em suas vidas, seja por ter convivido com ela em algum momento, seja apenas por meio de seus livros. Em ambos os casos, a presença da escritora se faz marcante.

Luis Fernando Verissimo presenteia os leitores com recordações da amizade com Clarice. Iniciada primeiro através dos pais, Erico e Mafalda, na década de 50, quando todos viviam nos Estados Unidos, e continuada na década seguinte com a convivência de vizinhos no bairro do Leme, no Rio de Janeiro. A primeira impressão de Verissimo foi igual a de todo mundo: fascinação. Não só pela beleza eslava, pelos olhos meio asiáticos ou pelo erre carregado que dava a sua fala um mistério especial, mas também pelo humor e “aquele jeito de garotona ainda desacostumada com o tamanho do próprio corpo” .

Enquanto alguns descrevem o deslumbramento diante do poder de Clarice de criar textos ricos de significados a partir de passagens aparentemente comuns do cotidiano, outros preferem calar-se, como fez Fernanda Torres: “Tenho até vergonha de escrever. Qualquer comentário me parece obsoleto.” Há quem se veja diante de um mistério insolúvel ao lançar um olhar mais demorado sobre determinado texto, como faz Claire Williams, especialista em literatura luso-brasileira da Universidade de Oxford, com “O ovo e a galinha”: “É um conto em que se descobre algo novo em cada leitor, e em que se perde. Nunca o entendo, mas não é propriamente para entender.”

Clarice na cabeceira revela os contos favoritos da autora de A hora da estrela e outros clássicos de acordo com as preferências de 22 formadores de opinião, e deixa no ar, implicitamente, a mesma pergunta para cada leitor: qual o seu texto de cabeceira de Clarice Lispector?

domingo, 13 de dezembro de 2009

Fim de semana em Búzios

Neste sábado de manhã fui a trabalho para Cabo Frio e de lá parti para Búzios, onde passei o fim de semana. Desta vez, as fotos tiradas com a câmera do meu celular mostram Búzios coberta de nuvens, mas como sempre linda e calorosa . Foi um fim de semana tranquilo, sem a agitação de feriado.


Fiquei hospedada numa pousada super simpática na Praia de João Fernandes, situada na ponta nordeste da Península de Búzios, a 2 km do centro. À tarde relaxei na piscina e no começo da noite fui passear na Rua das Pedras. Comi crepe no Chez Michou, tomei sorvete, comprei um novo óculos escuros e um par de havainas dourada. Parei para conversar com amigos que encontrei por acaso, caminhei na Orla Bardot.

De volta à pousada, antes de dormir, sentei na varanda do meu quarto e abri um Prosecco para curtir a paisagem noturna. Um momento único de paz e merecimento. .

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Hoje, após o café da manhã, dei um mergulho na praia para lavar a alma e aproveitar as benesses vindas do mar.

Enfim, chegada a hora de arrumar a mala e partir, mas não sem antes almoçar cara a cara com a paisagem da Praia do Canto.


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"Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim.

A tua beleza aumenta quando estamos sós.

E tão fundo intimamente a tua voz

Segue o mais secreto bailar do meu sonho

Que momentos há em que eu suponho

Seres um milagre criado só para mim"

Sophia de Mello Breyner Andresen